Desafio

A Quinta dos Murças, no Douro, é uma propriedade vitivinícola do Esporão, grupo pioneiro na aposta em agroecologia - uma abordagem que integra o conhecimento de duas ciências, a agronomia e a ecologia. Ligados há vários anos ao projeto de agroecologia do Grupo Esporão, os técnicos e consultores da NBI desenvolveram o plano de gestão agroecológica e climática da Quinta dos Murças. 

Projeto

O plano de gestão é composto por duas grandes etapas: primeiro a avaliação de bioindicadores (flora e fauna) que nos dão informação preciosa sobre o estado e tendência das funções dos ecossistemas das vinhas e da envolvente. Numa fase posterior, e integrando a informação recolhida na etapa um, são propostas medidas de gestão concretas. No caso de Murças, algumas das medidas de gestão de maior impacto foram promoção de habitats e de sebes de plantas e a instalação de enrelvamentos à base de espécies autóctones, que ajudam a atrair insetos auxiliares que, por sua vez, ajudam a suprimir as pragas da vinha; a recuperação de taludes e linhas de água com valor ecológico e de conservação da biodiversidade; a eliminação do uso de herbicidas de qualquer tipo e o recurso a meios mecânicos de controlo de vegetação; a salvaguarda de áreas de bosques importantes para muitas espécies, desde cogumelos a aves, entre outras. 

As práticas agroecológicas só por si, tornam os ecossistemas mais resilientes, sendo que, neste caso, foi também implementado um plano de adaptação da vinha às alterações climáticas, que incluiu uma análise de risco e cenarização de resultados. 

Paralelamente, a NBI tem também apoiado a Quinta dos Murças nos seus esforços de investigação, inovação e ação, acompanhando os projetos e parcerias R&D com várias entidades do sistema científico nacional e no desenvolvimento de conteúdos de comunicação. 

Áreas de expertise

  • Agroecologia

  • Biodiversidade

  • Gestão de ecossistemas

  • Adaptação às alterações climáticas

  • Bioeconomia

Resultados

As uvas são mais naturais, mais sustentáveis e o produto final é mais próximo do resíduo-zero e mais atrativo para os mercados e consumidores mais bem informados. 

Esta nova abordagem contribuiu para que ao fim de 7 anos de investimento em agroecologia, a Quinta dos Murças certificasse a totalidade da sua área em modo de produção biológica. 

Adicionalmente, foram descobertas mais de duas dezenas de espécies de flora com utilizações variadas e passíveis de serem exploradas no âmbito da bioeconomia. Entre elas, destaque para as plantas comestíveis, como o alho-de-verão (allium ampeloprasum) e o funcho (foeniculum vulgare), para as plantas com propriedades medicinais como o espargo-bravo-menor (asparagus acutifolius) e a raspa-língua (rubia peregrina), e ainda para plantas que podem ser exploradas de várias vertentes gastronómicas e medicinais, como a saramago (Raphanus raphanistrum) que além de ter folhas e flores comestíveis, tem sementes das quais se pode extrair um óleo e um condimento substituto da mostarda e ainda possui propriedades antireumáticas. 

O esforço e energia colocados neste projeto foram reconhecidos pelo IVDP – Instituto dos Vinhos do Douro e Porto – com o Prémio Vintage IVDP Ambiente e Sustentabilidade 2020.